GORJEIO
Rosângela Sgoldoni
despojos,
feridas,
exposição ardida
das entranhas
enegrecidas
pelo
amor
em
estertor.
perdidos,
sem abrigo,
ainda insiste
um
gorjeio
em suas
vidas
a
ressoar.
ventos e tormentas
que estão a
espreitar.
10 01 2013
CANTO SOLO
Rosângela Sgoldoni
Vejo meus sonhos
alimentados,
textos ensaiados à
exaustão.
Teatros da vida
frequentados,
faltam-me diretor e
direção.
Refletores sempre
desligados
embaçam as linhas de
marcação;
percebo os palcos
revirados,
eu, insistência e
sofreguidão.
Neste percurso de canto
solo,
permeio delírio e
descompasso,
mas, bem atenta, eu me
controlo.
Assim, dos meus sonhos
não abro mão,
inteireza de vida,
adeus ao cansaço,
alcançam meus versos
absolvição!
13 05 2012
PONTO DE EQUILÍBRIO
Rosângela Sgoldoni
Sobram-me:
Palavras
Inúteis;
Sonhos
Submersos,
Paixões
Inadiáveis;
Versos
Controversos.
Procuro,
Urgentemente,
Um
Ponto
De
E
QUI
LÍ
BRIO!
15 08 2012
PEELING EMOCIONAL
Rosângela Sgoldoni
Num tempo de
maturidade,
codinome meia idade,
decidi reagir:
acreditar em mim!
Providenciei:
lipo nos sentimentos,
drenagem nos
ressentimentos
dermoabrasão nas
cicatrizes da alma.
Rejuvenescimento de
propósitos,
pequenas incisões nas
tristezas,
laser nas deslealdades
e falsidades.
Resultados
satisfatórios:
mudei por dentro e por
fora!
Abusei dos truques por
intuição,
estou feliz com minha
nova versão!
ARGAMASSA DA VIDA
Rosângela Sgoldoni
Hoje entendi que
saudade não se define!
Sempre soube que doía
uma despedida,
cada uma delas, na
justa medida!
Mas não há medida justa
para sentimentos,
cada um tem seu peso,
desespero e destempero.
Seu rastro é profundo,
inevitável,
a marca deixada:
indelével
todas têm seu mistério!
Meu coração tantas
vezes trincado,
mais que machucado, aos
pedaços,
tenta se recompor.
A cola a vida oferece:
sempre em forma de
prece
argamassa onde entra o
amor.
Cada lágrima rolada
sedimenta a virada
cujas pás são as mãos
do Senhor!
10 10 2009
BEM DITAS POESIAS
Rosângela Sgoldoni
Perco-me à procura de
sentimentos
no mais perfeito
encontro da internet:
a poesia!
Leio e releio versos
oblíquos,
ambíguos ou desconexos;
muita coisa sensata,
a palavra bem
trabalhada,
revejo meus conceitos
críticos:
além ou aquém, nada é
desperdício.
Desconecto.
Vou até a estante,
folheio ao acaso: farto-me!
Escolhidas a dedo,
desvendam segredos
do autor e da leitora:
simbiose declarada,
vidas escancaradas,
a vera ou por
imaginação
Que seja bem-vinda,
bendita, a poesia,
vivida forma de
expressão.
TEMPO
Rosângela Sgoldoni
O tempo perde-se no
tempo
que se perde confuso na
minha cabeça,
O tempo encontra-se nas
ruas,
que se encontra nas
faces sem piedade,
O tempo torna-se
concreto
ao manejar fotos que a
vida retrata.
O tempo, não quero
entendê-lo,
prefiro vivê-lo de
forma abstrata.
CHORO, ENTÃO!
Rosângela Sgoldoni
A saudade chega
devagar.
Instala-se sem a minha
permissão,
propaga-se de forma
irregular
e começa a inundar meu
coração!
Mas chorar?
- Eu não!
Afoga meu peito em
tumultos,
desequilibra a mente
sem piedade,
confunde as emoções sem
sanidade,
qual olho de um imenso
furacão!
Mas chorar?
- Eu não!
Estabeleço limites com
rigor:
revogo qualquer
intimidade,
não venha me ditar
normalidade,
sou livre em discreta
solidão.
Choro, então!
APENAS UMA MULHER
Rosângela Sgoldoni
Pode me chamar de
bruxa,
feiticeira.
Invoque a Inquisição,
acenda fogueiras!
Não revido;
não tenho culpa de
mexer com a sua libido!
Do alto dos tribunais
da vida
a sentença foi
proferida.
Refute-a se puder.
Eu, inocentada,
sou apenas uma mulher.
SE ESSA RUA FOSSE MINHA
Rosângela Sgoldoni
Minha rua mudou de endereço.
Da minha janela
prolongavam-se casas, cores e alguns jardins.
O nascente sol
derramava seus raios dourados sobre a sala; corria a fechar a cortina para
proteger a TV.
À noite, a lua, sem cerimônia, invadia o quarto.
Bem-te-vis e sabiás ensaiavam no telhado do prédio ao lado.
Sem que percebesse, as casas se transformaram em castelos de dominó: derrubadas uma a uma, deixando rastro de pó.
Ao pó misturaram-se pedras e cimento, como numa coqueteleira: guindastes, escavadeiras, betoneiras.
Vergalhões desfilavam altivos e ameaçadores, desconsiderando a paisagem dos antigos moradores.
Agora vivo cercada de arranha-céus: varandas invasivas compõem o meu painel.
Minha rua mudou de
endereço...
Se essa rua fosse
minha...
Obrigada, caro Bardo, pelo carinho e divulgação.
ResponderExcluirQuero ler mais e mais...Adorei
ResponderExcluirObrigada, Fátima, pelo carinho da leitura e comentário.
ResponderExcluirApareça no meu blogo.
Bjsss