EU
CONFESSO!
Carlos Orfeu
Fulmino
estorvos
deixo as
farpas
quebro o
tempo
planto
asas
Lavro
rumos
ritmando
estradas
transformando
o que vejo
em
paisagens sem endereços
No corpo
de cada poema
eu
confesso!
Que sou
apenas,
um homem
desvirginando
paisagens
numa livre penetração
na vulva
semântica
dos
versos
O CÉU
CHORA
O céu
chora na tarde,
nas
árvores, nas nucas
nos
telhados, nas ruas do
Rio de
Janeiro
Encharcando
o passarinho
de um
triste canto.
O
silêncio...
DICOTOMIA
Carlos Orfeu
Uma parte
distante
Outra finda.
Uma clara
outra escura
Uma é
equilíbrio, outra desequilíbrio
No mesmo
espaço líquido
Irracional
Atemporal.
Há tempos
queimei minhas asas,
Para
aprender a voar
Com os
pés.
Catando
nas estradas
Desimpedidas
de mim,
Partes
quebradas,
Memórias
divididas.
Tudo que
foi dito,
Mofa.
Busco o
árduo inaudito
Perdido
no indizível,
Dividindo-me
Dispersando-me
Vencendo
o pior
Dos
inimigos.
Eu
UM ÚNICO
NOME
Carlos Orfeu
Ela
atende por tantos nomes
na
vitrine banal das
esquinas
Debaixo
da pele cravada de pecados
esconde
os segredos mais singelos
por trás
das cicatrizes de teu
ofício
Num
sincero ato de uma entrega
em duplo
êxtase na madrugada
íntima,
ele
verdadeiramente a chama de um
único
nome
meu amor
ENQUANTO
O MUNDO DECAI
Carlos Orfeu
Beija-me
agora baby
Enquanto
o mundo decai
morre
mais um,
nasce
outra semente
sorriem
ou choram.
Enquanto
gira a órbita,
descobrem
a cura do câncer, outro novo planeta.
Uma nova
célula, um novo presságio para o fim do mundo,
Enquanto
evoluem
o país é
condicionado pelas leis mais absurdas;
uma
passeata revolucionária invade as ruas
o menino
ama pela primeira vez
A menina
saboreia o sexo pela primeira vez
Outro
acidente acontece na Avenida Brasil
um tiro
encontra um peito, outro corpo cai.
Enquanto
nós amamos o mundo gira o tempo muda
O nosso
congela!
Num átimo
cálido de um beijo
Enquanto
o mundo decai
Nós
amamos
ENTRE A
PALAVRA E O BEIJO
Carlos Orfeu
Na boca a
palavra,
Entre a
palavra e o ar
A sede de
um beijo
No atrito
do copo vazio no vazio o cigarro
Preenchendo
a solidão de cinzas,
Manchando
a borda do beijo gritando vermelho na memória
Carregando
um nome, engordando o instante de
Saudades
Nascendo
palavras dando a luz a outras palavras aquarelando
O poema
que enxuga os prantos do copo
Cheio de
ar, de dor,
De
lembranças
A noite
abre as portas enquanto janelas se fecham
As luzes
se apagam, na alma sempre acendo uma chama
E caminho
nos meridianos das linhas abrindo estradas internas
Fechando
fendas girando um carrossel alumbrado de contrapontos
Guardando
bem aqui no fundo
O sabor
de um beijo a raiz de um corpo
Mais
fundo
Mais
fundo
Mais
fundo
Mais
fundo
O POETA
TRANSMUTA
Carlos Orfeu
A poesia
é substância
Célula
viva em cada alma
Pulsando
verbos e vidas,
Nutrindo
paisagens infinitas
A luta
com a palavra é constante conflito
Sangra-se
Inspira-se
Transpira-se
O poeta
morre e renasce
Na
correnteza do tempo
Transmuta
CÁLIDA
CRISÁLIDA
Carlos Orfeu
Nas
infinitas paisagens de teus olhos de Vênus
Reencontro-me
Caminhando
até que os teus se fechem
Na janela
do 205 o olhar vaga como
Um gatuno,
enxergando o prelúdio do vira-lata.
Vê tanto
que até ouve os gemidos de outros quartos
Como
mariposas sonoras.
Em nossas
pálpebras, as âncoras do sono vão pesando,
Que
vagarosamente fechamos exaustos
Até que
amanheça na cálida crisálida
E chegue
um beijo solar de bom dia
ESTRADAS
Carlos Orfeu
Levo nas
solas de meus pés calcinados,
Estradas
de saudades e espinhos,
E um
tempo insistente em sempre passar
Correndo
a cem por hora.
Estradas
de pedras
Meus
sonhos vão passar
Nas
fúrias de meus versos
Renascendo
Em todo
canto
Em toda
gente
Em
qualquer parte
Revolucionando-me
Escrevendo
o
Meu
existir
SE VIESSES
Carlos Orfeu
Se pela
tardinha, viesses
Farias
meu coração sorrir no fundo desta
Solidão
Se pela
tardinha, viesses
Pisaríamos
a garoa de novembro
Nas
folhas não varridas de sábado
Infelizmente
me verias chorar
Como em
todo entardecer,
No dorso
de um tristonho domingo
Caindo
pensamentos nas esquinas
Do tempo.
Se
viesses pela tardinha,
Levantaria
sorrisos em mim como bandeiras
E
enxugarias minhas lágrimas sem razão
Pingando
salgadas no café e apagando o cigarro
Que não
consigo parar!
No rádio
A música
canta e completa meus erros e enganos
Angustiado
suspiro sonhando
Ah se
viesses me ver...
Obrigado caro amigo
ResponderExcluirpoeta Naldo Velho
por esta oportunidade
Abraços
Carlos Orfeu
Excelentes poesias. parabéns!!
ResponderExcluirFico profundamente grato
ResponderExcluirAo elogio
Ana Maria Santos Mollica